O prontuário médico não é apenas um documento clínico — é uma das provas mais importantes na defesa do profissional da saúde em casos judiciais. Ele é frequentemente o primeiro elemento analisado por juízes, conselhos de medicina e peritos em ações envolvendo alegações de erro médico. Quando está incompleto, mal preenchido ou ausente, o risco de condenação cresce consideravelmente.
O prontuário como prova da boa prática médica
Em uma eventual demanda judicial, o prontuário pode ser a principal ferramenta do médico para demonstrar que seguiu todos os protocolos técnicos, informou o paciente sobre riscos e alternativas, e adotou conduta diligente diante das intercorrências clínicas. Quando bem elaborado, o prontuário protege o profissional e mostra com clareza que não houve imprudência, negligência ou imperícia.
O que diz a jurisprudência
Tribunais em todo o país têm reconhecido que a ausência ou falha no registro do prontuário pode indicar culpa do médico. Há decisões em que a condenação foi fundamentada não em provas diretas de erro, mas na inexistência de registros adequados que comprovassem o correto atendimento. Nessas situações, a dúvida é interpretada contra o profissional — especialmente com base no Código de Defesa do Consumidor, que permite a inversão do ônus da prova em favor do paciente.
Quando o prontuário é considerado incompleto
São considerados incompletos os prontuários que:
- Não contêm registro de todas as consultas, procedimentos, exames ou intercorrências.
- Não mencionam consentimentos informados assinados.
- Apresentam rasuras, anotações vagas ou sem indicação de data e horário.
- Deixam de registrar orientações dadas ao paciente, recusas de tratamento ou alta voluntária.
Riscos jurídicos do prontuário falho
Além da possibilidade de condenação judicial com indenização por danos morais e materiais, o médico pode ser responsabilizado administrativamente perante os conselhos regionais de medicina. Nesses casos, o prontuário incompleto também compromete a defesa ética do profissional.
Como evitar problemas: boas práticas de documentação
- Registre com clareza e objetividade cada conduta adotada.
- Mantenha o prontuário atualizado em tempo real.
- Registre verbalizações do paciente, recusas, queixas, reações adversas e condutas tomadas.
- Anexe exames, termos de consentimento, solicitações e documentos complementares.
- Use linguagem técnica, evite abreviações indevidas e nunca altere informações retroativamente.
Conclusão
Um prontuário bem feito é uma das maiores garantias jurídicas que o médico pode ter. Ele protege contra acusações injustas, comprova a conduta ética e técnica do profissional e é decisivo em sindicâncias e processos judiciais. O Silva Pimenta Advogados orienta médicos e clínicas em rotinas de compliance, padronização de prontuários e treinamentos preventivos — sempre com o foco em reduzir riscos e garantir segurança jurídica para quem salva vidas.